11 fevereiro 2006

Adagio for Strings, op. 11


O Adagio for Strings de Samuel Barber sempre teve um significado especial para essa multidão que implicam chamar de "mim". Curioso que o que Barber pensava a respeito da música cabia perfeitamente em minha impressão sobre ela: a música comporta-se como um pequeno riacho, que aos poucos alarga-se num grande "rio", e culmina simplesmente no silêncio. É no silêncio, no vazio, no nada, que termina seu Adagio. Não posso deixar de lembrar outros afetos que cortam e estilhaçam, de uma certa batalha de Termópilas, de outra viagem a Ítaca, de certo pensamento sobre as Finalidades, aqui Kavafis, ali Barber. . .

Afete a quem puder, afete a quem quiser. Esses pequeninos movimentos de atores desconhecidos - "menores"? - dizem respeito simplesmente a todo o pouco que precisamos e devemos saber: retornos possíveis a Ítaca, olhares condencendentes a Príamo, coragem de prever e evitar certos Ephialtes, esperas inúteis pelos bárbaros, e, enfim, nosso irrecorrível desafio a Xerxes. A menos que desejemos ser seus escravos.

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