31 dezembro 2005

Ano novo

Recebi de um amigo, e repasso:

"Para o ano novo - Eu ainda vivo, eu ainda penso: ainda tenho que viver, pois ainda tenho que pensar. 'Sum, ergo cogito: cogito, ergo sum' [Eu existo, logo penso: eu penso, logo existo]. Hoje, cada um se permite expressar o seu mais caro desejo e pensamento: também eu, então, quero dizer o que desejo para mim mesmo e que pensamento, este ano, me veio primeiramente ao coração -que pensamento deverá ser para mim razão, garantia e doçura de toda a vida que me resta! Quero cada vez mais aprender a ver como belo aquilo que é necessário nas coisas: - assim me tornarei um daqueles que fazem belas as coisas. 'Amor fati' [amor ao destino]: seja este, doravante, o meu amor" Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem meso acusar os acusadores. Que minha única negação seja 'desviar o olhar'! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim."
(Friedrich Nietzsche. Gaia Ciência, São Paulo: Companhia das Letras, 2001, §276).

Por viajes inexorables en 2006

"Ahora comienza un duro, una inexorable viaje en busca de la posibilidad más lejana"
- Georges Bataille, em Sobre Nietzsche -
Que a frase de Bataille siga como pórtico em nossas futuras pretensas e ao mesmo tempo inexoráveis cartografias...

30 dezembro 2005

evenement + revelation

III. REVELATION


Way off in the distance I saw a door
I tried to open
I tried forcing with all of my will but still
The door wouldn't open

Unable to trust in my faith
I turned and walked away
I looked around, felt a chill in the air
Took my will and turned it over

The glass prison which once held me is gone
A long lost fortress
Armed only with liberty
And the key of my willingness

Fell down on my knees and prayed
"Thy will be done"
I turned around, saw a light shining through
The door was wide open

-Dream Theater - "The Glass Prison"

27 dezembro 2005

Concurso de Psicologia oferece remuneração de R$ 382,00

Fiquei sabendo que a prefeitura da cidade de Timbaúba (PE) abriu concurso para psicólogos. Até aí, nada estranho. A não ser o salário, de R$ 382,00 para 30 horas semanais. Nada como estudar 5 anos e receber menos que quase qualquer outra profissão que não exige "qualificação" alguma.

Ouvi dizer que há concursos para coveiro em que se a remuneração é muito superior a essa.

23 dezembro 2005

"Being a nomad..."

Recolhi uma interessante citação do weblog de Clifford Duffy:

"Being a nomad, living in transition, does not mean that one cannot or is unwilling to create those necessarily stable and reassuring bases for identity that allow one to function in a community. Rather, nomadic consciousness consists in not taking any kind of identity as permanent. The nomad is only passing through; s/he makes those necessarily situated connections that can help her/him to survive, but s/he never takes on fully the limits of one national, fixed identity. The nomad has no passport or has too many of them."

22 dezembro 2005

Mídia, política e a TV em 2006

A lista de discussão sobre a Universidade Nômade vinculou um texto muito interessante de Ivana Bentes, em tom de mensagem de fim de ano, sobre sua esperança de que em 2006 a televisão brasileira não interfira nos processos eleitorais. A televisão brasileira já teve amargos momentos no passado quando, por exemplo, favoreceu a vitória de Collor sobre Lula, ou mesmo quando alardeou com ênfase o aumento do dólar frente ao "risco" de Lula ser eleito.

O mesmo, infelizmente, vem acontecendo já há algum tempo para cá. O governo faz ataques para muitos sem sentido, quando diz que "a mídia" é culpada pela propaganda negativa sobre corrupção. Por outro lado, a mídia dominante brasileira, desde o episódio Roberto Jefferson, insiste em enfatizar certos acontecimentos - via de regra, que envolvem o PT -, e ocultar ou menosprezar a importância de vários outros. Como alguns exemplos, os 10 mi encontrados com o Bispo da Igreja Universal, o recebimento de dinheiro do "valérioduto" por membros do PMDB, PSDB e PFL, a participação da oposição para eleger Severino Cavalcante com o intuito de paralisar o PT, e a recente denúncia de caixa 2 envolvendo o PFL baiano e a bagatela de 101 milhões.

O curioso é precisamente chamar a atenção a dois fatores: ao número de denúncias vinculadas, e à ênfase dada pela mídia às denúncias. É evidente que cada jornal fornece maior ou menor visibilidade aos fatores que mais ou menos lhe interessam, e o mesmo ocorre principalmente com notícias políticas. O tom das palavras empregadas também pode evidenciar se um jornal tende ou não a conferir veracidade às denúncias. Quando se diz que grevistas de universidade federal requerem aumento, e não reajuste salarial, ou quando se diz que os EUA ocupam o Iraque, enquanto o MST invade terras, têm-se aqui alguns exemplos já batidos, mas incessantemente repetidos.

Parece haver aí um grande desequilíbrio: ao bom jornalista, cioso por acontecimentos a serem vinculados por toda parte, contrapõe-se uma maquinaria que privilegia a exibição de certos acontecimentos, e oculta ou menospreza o valor de outros. Estranho mecanismo - porém muito funcional para alguns -, esse que de saída impossibilita qualquer horizonte de pretensa objetividade jornalística.

20 dezembro 2005

Para haver TAZ é necessária a presença de um corpo II

Esse post é o resultado desse, desse e desse outro texto de Hakim Bey, que reproduzi aqui.

Para haver TAZ "é necessário um corpo"

Em um post anterior, vinculei uma entrevista a Hakim Bey cujos resultados são bastante curiosos. Dentre eles, a questão do corpo numa TAZ. Hakim Bey afirma categoricamente: para haver TAZ, é necessária a presença de um corpo. A Rede, em si mesma, não agencia TAZ, mas pode ser um instrumento para criar zonas temporárias de autonomia. Isso torna a situação bastante curiosa. O que quer dizer Bey quando afirma que apenas a Rede não cria TAZ? Vejamos se, como em outro lugar, os espelhos funcionarão bem.

Em um belo texto chamado O mistério de Ariadne, segundo Nietzsche, Deleuze examina o mito do Labirinto. Ariadne, a Anima, aquela que, com o homem superior e herói Teseu, carrega o fio da moralidade para conduzir-se no labirinto dionisíaco, é a "combinação da vontade negativa com a força de reação". Isto é, Ariadne com Teseu é a alma tematizada pelo ressentimento, pela negação da vida, pelo "homem verídico" e superior, que carrega a vida com um peso deveras pesado, e apenas reage passivamente a ela. Já Dionísio é aquele que se libera dos fardos da vida, "é a afirmação pura e múltipla, a verdadeira afirmação, a vontade afirmativa; ele nada carrega, não se encarrega de nada, mas alivia tudo o que vive", verdadeira possibilidade do além do homem, do além do herói-Teseu. Mas, segundo Deleuze, Dionisio não é nada sem a Anima-Ariadne, pois, para haver afirmação, é preciso um sim a ela, é preciso de um "sim ao sim", uma afirmação das potências afirmativas. Caso contrário, ainda incorrem os riscos das forças reativas. Nesse sentido, para efetivamente haver o além do homem, é necessária a união de Dionísio e Ariadne, sendo o ubermensch seu produto.

Em outro texto intitulado Sobre a Morte do Homem e o Super-Homem, Deleuze lança uma fórmula semelhante à do texto sobre Ariadne, que pode aclará-lo, e à questão aqui enunciada. Já no início do texto sobre Ariadne, Deleuze diz que o que está em jogo são essencialmente forças. O mesmo Deleuze afirma nesse segundo texto: o que é uma forma? É um conjunto, um engendramento de forças. Assim, por exemplo, a forma-homem (esse 'homem' que Foucault descreve como uma formação curiosa irrompida a partir do século XIX, e que está em vias de "morrer") são forças do homem (de querer, imaginar, conhecer, representar...) engendradas com forças da finitude, da mesma forma que o classicismo (ou forma-Deus) caracterizava-se por forças no homem que se engendravam com as forças do infinito. Há um redobramento no 'homem', que não o faz ser o Homem (sujeito e objeto por excelência) como querem as ciências humanas e toda a reflexão dormente sobre a finitude. O Homem não existiu sempre, só foi possível no momento em que suas virtualidades se engendraram com "forças" da finitude. O "homem" engendrado com o infinito (a forma-Deus) em nada deve às forças no "homem" engendradas às forças da finitude (à forma-Homem).

Mas é precisamente no momento em que o homem deixa de agenciar-se com forças da finitude, que novas formas passam a ser anunciadas (pois o que está em jogo não é mais o homem, mas sua composição com outras formas). Há uma grande proximidade com o que Deleuze chama de "sociedades de controle" com o advento do que diz, no texto sobre o super-homem, a respeito do "homem de silício". O que isso quer dizer? Que o mesmo homem que, tornado sujeito e objeto (homem entrecruzado com as forças da finitude) torna-se Homem, ao mesmo tempo fundamento de todo conhecimento, e elemento inserido nas empiricidades, esse mesmo homem, quando conjugado com outras forças, terá por resultado outra forma, outro modo de viver e experimentar a vida, irredutível à forma-Homem. Essa, para Deleuze, é a colocação correta do problema do super-homem.

Nesse ponto pode-se ver que os dois textos se encontram: entre Ariadne e Dionísio, o além do homem; na superação da forma-homem (e no advento do 'homem de silício'), igualmente se coloca de modo apropriado a questão do ubermensch. Ora, uma forma nasce a partir de um engendramento, de um entrecruzamento, de um agenciamento de forças. Quando a anima se agencia com forças reativas, há ressentimento e recusa da vida; quando se agencia com forças afirmativas - quando afirma efetivamente a afirmação -, o resultado é o além do homem, e o verdadeiro "sim" à vida.

Em relação aos dizeres de Bey, essas considerações traçam resultados interessantes. Diz Bey: a Rede por si própria não engendra TAZ, para isso, é necessário haver um corpo. A Rede - como os livros e outras coisas mais - por si mesma não permite criar uma "zona temporária de autonomização", mesmo que, em si mesma, pode implicar a abertura de novos e inusitados caminhos. Obviamente, a Rede é um entrecruzamento de inúmeros vetores, como o é um corpo, e como - no limite - pode-se estender esse argumento indefinidamente. Entretanto, quando Bey chama a atenção à necessidade de um corpo, está lançando um juízo: mesmo que um corpo se conecte à Rede, mesmo que dessa conexão gerem afetos e possibilidades de TAZ, essa possibilidade apenas é efetiva quando permite uma mudança verdadeiramente efetiva. Um corpo pode conectar-se à rede; vários corpos podem se conectar no entusiasmo do surgimento de um Partido, ou de um coletivo, ou de um movimento social. Mas isso apenas importa quando ocorre uma verdadeira afirmação dessas potências positivas. Caso contrário, um partido e um movimento não passam de discussões sem efetividade, e uma conexão prazeirosa na Rede não passa de um momento prazeiroso. Nada aí de efetivo é engendrado, como faz Bey ao chamar a atenção aos grupos de teatro que "encenam" terrorismos poéticos, sem nada compreender o que eles significam. Um terrorismo poético - como uma TAZ - serve para arrancar um corpo de seu cotidiano e de seu estado "alienado", gerando novas potencializações, e não apenas encenações de gente descolada.

Como afirma Bey em outro texto, do mesmo modo que um movimento molecular e centralizado pode ser tanto agente autonomizador quanto o seu contrário, o mesmo ocorre com a possibilidade de conexões da Rede. Se o Capital Global abraça abertamente a Internet, é porque logo após as primeiras manifestações entusiásticas da Rede (lembremo-nos dos sites que ferviam nossos olhos no final dos anos 90/início de 2000), esse mesmo entusiasmo tem sido capturado por veículos de pseudo-autonomização. Nesse sentido, o juizo de Bey - o de que a Rede, por si mesma, não agencia TAZ, para isso, é necessário um corpo - adquire sentido: a Rede em si mesma não faz nada, pode fazer apenas se suas potências afirmativas possam ser efetivamente afirmadas, ou se suas possibilidades efetivas de novas conexões possam efetivamente engendrar novas possibilidades aos "corpos".

19 dezembro 2005

Michael Hardt: Hay que comprender el nuevo monstruo

Segue abaixo mais uma reportagem recebida pela querida informalidade dos emails

Entrevista con Michael Hardt, coautor de Imperio

Hay que comprender el nuevo monstruo, entrevista a Raúl Zibechi

Coautor de Imperio junto con Antonio Negri, el estadunidense Michael Hardt considera que los gobiernos progresistas de América Latina son necesarios para frenar el belicismo expansionista de Geoge W. Bush, pero plantea ?conceptualmente? que no existen gobiernos de izquierda sino gobiernos que "abran espacios a la izquierda" social. Aquí presentamos fragmentos de una entrevista con este autor

El filósofo estadunidense sostiene que vivimos un periodo de transición caracterizado por la retirada del clásico imperialismo y el ascenso de lo que, junto a Negri, definen como imperio. Intenta demostrar que ni siquiera el inmenso poderío de Estados Unidos es capaz de modelar el mundo a su voluntad como lo hicieron los imperialismos en el pasado, y que las nuevas formas de dominación inmateriales están lejos de representar un avance para la humanidad.

?¿Su tesis del fin del imperialismo sigue siendo vigente luego de las críticas recibidas y de la ofensiva imperialista de Estados Unidos?

?Mi pregunta es si el imperialismo es el concepto adecuado para comprender el poder global y la dominación. Las guerras en Afganistán e Irak han demostrado los límites de Estados Unidos para controlar esos países. Ambas guerras son un desastre, incluso para los inspiradores de la guerra, ya que no pueden comportarse como verdaderos imperialistas, porque no han logrado imponer un mercado estable, ni lucrar con el petróleo ni ampliar sus alianzas. Por el contrario, el prestigio de Estados Unidos y su capacidad de liderazgo están deteriorarados.

Además, Estados Unidos es un Estado frágil como quedó demostrado con el huracán Katrina, que develó una situación de pobreza, división social, racismo estructural y la incapacidad del gobierno para abordar la cuestión social. A mi modo de ver, ese hecho demuestra que Estados Unidos no puede dedicar recursos a la conquista del mundo manteniendo la estabilidad doméstica. Otro síntoma de su incapacidad es la derrota del ALCA. Es evidente que ya no puede imponer su política a los países de América Latina.

?Sin embargo, la presión que sienten algunos países latinoamericanos por parte de Washington es muy fuerte.

?Creo que se sobrestima el poder imperialista de Estados Unidos. Hay un cambio profundo en las estructuras del poder global. El punto central es que aquel imperialismo ya no es posible y en su lugar emergen nuevas formas de dominación y de resistencia. Contra el viejo imperialismo las luchas giraban en torno a la liberación nacional y a la defensa de la soberanía nacional. Hoy ningún Estado-nación es capaz de imponer y mantener el orden mundial de modo unilateral y extender su soberanía sobre otros estados, lo no quiere decir que no vaya a haber intervenciones militares. El viejo imperialismo fue derrotado por décadas de luchas y resistencias de los pueblos del tercer mundo y llegamos a un punto de acumulación de derrotas que ha erosionado la eficacia de ese modo de dominación.

Mi impresión es que estamos al final de una etapa y que los gestos imperiales, por dolorosos que sean, son ya cosa del pasado. Entonces queremos abocarnos a comprender el nuevo monstruo, porque la dominación y la explotación van a continuar, sólo que cambiarán sus formas. El orden global por venir ?lo que llamamos imperio? se asienta en una red de poderes que colaboran entre sí: las instituciones supranacionales como el FMI y el Banco Mundial, las grandes corporaciones capitalistas, algunas ONG importantes y también varios Estados nacionales. Este imperio es la forma de gobierno adecuada al capital mundial.

?Para los pueblos, ¿qué habría cambiado?

?Que las formas de dominación y segregación social son más severas con el imperio que bajo el imperialismo, y las formas de explotación más degradantes. No queremos decir tampoco que los Estados nacionales hayan dejado de ser importantes, sino que son un componente más de una amplia red mucho más compleja. El desafío es comprender la emergencia de un orden mundial en el que los Estados nacionales tendrán un papel central pero ya no soberano. O sea, son elementos de un orden general que se extiende más allá de ellos. Pero esto es apenas una tendencia aún no completada. Lo que queremos es comprender lo que se viene.

?Si de lo que se trata es de comprender al nuevo enemigo, ¿cuáles serían las estrategias de lucha bajo el imperio? ¿Cómo se enfrenta esa red de poderes?

?Lo primero a considerar es que no todos los poderes de esa red son iguales. Estados Unidos seguirá siendo un poder dominante en lo militar, en lo político y en lo económico. El tema es que esos poderes ya dependen de otros poderes menores para mantener su dominación. Varios poderes no tan importantes como Estados Unidos o el FMI pueden imponerle condiciones como sucedió con el G-20 conducido por Brasil, que bloqueó las negociaciones de la OMC en Cancún, y parte de esa tendencia es lo sucedido en Mar del Plata cuando se enterró el ALCA.

?¿Se refiere a los gobiernos progresistas en América Latina?

?En alguna medida sí. Todos esos países ?Brasil, Argentina, Venezuela, quizás mañana México? a los que sumaría China e India, actuando separados no pueden conseguir casi nada. Pero actuando juntos pueden imponer cosas a los grandes países y organismos globales. Este es uno de los desafíos más importantes que enfrentan los gobiernos progresistas del continente. Postulo que alianzas de estos países pueden provocar transformaciones en las relaciones internas del imperio, que no lo hacen desaparecer pero que consiguen una nueva relación de fuerzas.

?¿Cuál sería para los movimientos sociales la importancia de este enfrentamiento entre poderosos?

?Con los gobiernos progresistas y la alianza de varios de estos Estados emergentes puede haber transferencia de poder a los pueblos, a los productores, a los trabajadores.

?Por lo tanto cree que los gobiernos de izquierda tienen un papel destacado en la lucha contra el imperio.

?Al filósofo francés Gilles Deleuze le preguntaron qué significaba un gobiernos de izquierda. Dijo que no existen gobierno de izquierda, que un gobierno no puede ser de izquierda y que en todo caso puede haber gobiernos que abran espacios a la izquierda y la favorezcan. Entonces la pregunta debería ser ¿se abren mejores posibilidades para los movimientos con un gobierno de ese tipo?

17 dezembro 2005

Patologia mental e orgânica

Um postulado que é solo seguro nas disciplinas psicológicas, e que parece ter se consolidado na 'década do cérebro' (os anos 90 do século XX), é o de que as patologias mental e orgânica possuem uma metapatologia comum. Pressuposto epistemológico, 'mina de ouro' que parece ter sido conquistada a grande custo pelos epistemólogos da psicopatologia, e que parece não haver contestação possível.

Michel Foucault (em Doença Mental e Psicologia) remonta esse postulado de uma unidade, ou de um paralelismo entre doença mental e doença orgânica, a Kurt Goldstein, que pelo modelo da afasia, correlacionando uma lesão localizada a um dano funcional, teria conseguido, a partir da situação global da vida do indivíduo, unir as duas patologias sobre um mesmo solo. Ou seja, a partir do momento em que a afasia é localizada organicamente, dela decorrem danos funcionais, e esses danos funcionais diretamente interferem no próprio comportamento do indivíduo, poder-se-ia ter um tipo de correlação que propicie um fundamento tanto às patologias mentais quanto às orgânicas.

No entanto, contra esse postulado, Foucault propõe uma refutação baseada em três pontos, onde uma analogia entre as patologias mental e orgânica seria apenas da ordem do mito. Tais pontos seriam:

1 - a abstração de elementos individuais frente à 'doença' não se dá do mesmo modo em patologia mental e orgânica: cada elemento, na medicina orgânica, teria relação com outros elementos e sentido frente à totalidade da doença, mas teria assim mesmo sua individualidade resguardada. Já a psicopatologia, em noções como a da 'unidade significativa das condutas', condiz que um sintoma patológico, enquanto sintoma psicológico, resguarda toda uma história anterior que não dá individualidade ao sintoma (que possui seu sentido remetido e diluído nessa história).

2 - as relações entre o normal e o patológico não se dão do mesmo modo entre as duas patologias: enquanto a patologia orgânica teria suprimido a noção de 'patológico' demonstrando que a doença é uma reação adaptativa do organismo, as psicologias ainda se distribuiriam de modo em que suas categorias insistissem na divisão entre normal e patológico. O "doente" seria, assim, caracterizado em relação a uma norma adaptativa.

3 - as relações entre o doente e o meio (o médico, a sociedade, o hospital) não se configuram igualmente nos dois casos. Enquanto o doente orgânico possui sua individualidade resguardada no hospital, o doente psicológico teria toda uma série de medidas de assistência diferenciadas, e uma série de conceitos problemáticos: em que medida é livre ou autômato? Quanto deve ser tutelado pelo médico? Em que medida exerce seu desejo 'louco'?

Essas questões apresentadas por Foucault (embora de modo muito abreviado, em Doença Mental e Psicologia), merecem um bom aprofundamento e um confrontamento em relação às 'evoluções' das psicologias nas últimas épocas.

No entanto, a necessidade de 'confrontamento' não se dá apenas nesse ponto: aqui, temos apenas um Foucault epistemólogo; toda a sua arqueo-genealogia dirige-se, como diz Paulo Vaz, a uma 'ontologia do presente', a um diálogo com nós mesmos que ultrapassa a noção de ciência, diálogo essencialmente ético, e que deve ser apurado pelo profissional 'psi'.

15 dezembro 2005

Novo Guestbook

Na coluna esquerda, adicionei um novo livro de visitas ("guestbook") para o blog (o antigo não mais funcionava...). Ademais, estou configurando um newsletter para que o usuário possa receber mensagens do weblog por e-mail.

Não sei, esse weblog iniciou como uma brincadeira de criança. Não possui grandes pretensões. Nada com muita seriedade. O negócio é deixar as idéias fluirem e testar sua importância apenas nelas mesmas (sem uma referência autoral ou de autoridade), sem, entretanto, cair na armadilha das divagações infrutíferas e inúteis que tanto encontramos por aí em vários weblogs. Desafio interessante: não recair nas facilidades da autoria ou da autoridade, mas não deixar (ao menos tentar) de pensar. Vamos ver no que dará...

Dossier Constantine Cavafy

12 dezembro 2005

Hediondos são o latifúndio e seus defensores

Essa veio da Caros Amigos

Hediondo são o latifúndio e seus defensores

por Marcos Rogério de Souza

A CPMI da Terra concluiu suas atividades aprovando um relatório paralelo que criminaliza o MST e dificulta o avanço da reforma agrária. O documento é tão reacionário que chega a recomendar a aprovação de dois projetos de lei que tipificam as condutas de quem ocupa terras, para pressionar o governo a fazer a reforma agrária, como crime hediondo e ato terrorista.

Confeccionado pelo deputado ruralista Abelardo Lupion, conhecido no parlamento brasileiro por defender intransigentemente os caloteiros do crédito agrícola e os proprietários rurais acusados de criar milícias privadas, o parecer dedica mais de 200 das suas 365 páginas ao MST. Dois terços das páginas restantes descrevem as atividades da CPMI e reproduzem acórdãos do TCU que constataram superfaturamento em desapropriações e outras irregularidades na atuação do INCRA, durante o gestão FHC (curiosamente, o texto não informa que as irregularidades são relativas ao governo anterior).

Toda a problemática fundiária brasileira, os processos de reforma agrária e o ordenamento jurídico da terra são tratados em menos de quarenta páginas. O documento quase não dedica uma linha para analisar a violência no campo, a existência de milícias privadas, a grilagem, o trabalho escravo ou os movimentos de proprietários. Sobre Pernambuco, por exemplo, cita somente a morte de um soldado da Polícia Militar, omitindo que, de 2003 até hoje, foram mortos 15 lideranças de trabalhadores rurais (três apenas nos últimos dois meses). No caso do Pará, não faz qualquer menção aos conflitos, à grilagem ou mesmo à morte da Irmã Dorothy.

A concepção autoritária, preconceituosa e fascista do relatório aprovado revela-se no principal argumento utilizado para criminalizar os sem terra, repetido à exaustão: o MST é ?um movimento revolucionário de esquerda?, ?sua meta é revolucionária socialista? e sua filosofia ?é revolucionária de esquerda?. Ademais, mesmo sem qualquer prova, afirma que o MST ?não reluta em desviar recursos, públicos ou privados?.

Qualquer semelhança com o movimento de criminalização da esquerda, em especial do PT, que vem sendo realizada pela direita brasileira através das CPIs dos Correios e dos Bingos e dos meios de comunicação, não é mera coincidência. O relatório deixa explícito seu propósito de exterminar o MST, a esquerda e os socialistas. Ignora completamente que a Constituição Federal assegura a democracia, o pluralismo político e a livre manifestação do pensamento, razão pela qual não constitui nenhum crime ser socialista ou possuir ideologia de esquerda.

O parecer elaborado pelo Deputado Abelardo Lupion, ao classificar a ocupação de terras como ?crime hediondo? e ?ato terrorista?, torna-se o primeiro documento oficial do Parlamento brasileiro que incorpora a ?doutrina Bush? de ?guerra contra o terror?. Quando recomenda, sem qualquer prova, o indiciamento do dirigente da ANCA Pedro Christofolli, do ex-dirigente José Trevisol e do Presidente da CONCRAB Francisco Dalchiavon, entidades que atuam em parceria com o MST, o relatório revela sua verdadeira face: é, em si mesmo, um manifesto do ódio dos ruralistas aos trabalhadores sem terra.

Curioso é saber que o texto foi aprovado em detrimento do relatório apresentado pelo Deputado João Alfredo. Relator legítimo da CPMI desde que ela foi instalada, em dezembro de 2003, João Alfredo participou de todas as viagens e audiências públicas realizadas pela Comissão. Seu relatório, com mais de 750 páginas e 150 recomendações, reflete o objetivo para o qual a CPMI foi constituída, qual seja, realizar ?amplo diagnóstico sobre a estrutura fundiária brasileira, os processos de reforma agrária e urbana, os movimentos sociais de trabalhadores, assim como os movimentos de proprietários de terras?. Analisa a estrutura fundiária; aponta as causas da violência no campo; cuida do trabalho escravo; trata com isonomia os movimentos sociais de trabalhadores e de proprietários; analisa os processos de reforma agrária, a demanda e o estoque de terras; reflete sobre a legislação concernente à reforma agrária, apresentando propostas para seu aperfeiçoamento; assim como dedica mais de 300 páginas para analisar a questão agrária nos estados. Além disso, analisa a questão urbana, em especial o despejo violento de mais de 14 mil famílias da ocupação Sonho Real, em Goiânia.

Ao rejeitar um parecer substancioso, consentâneo com a realidade fundiária e que apresentava propostas para agilizar a reforma agrária, a maioria dos integrantes da CPMI fez opção por não contribuir para a garantia dos direitos humanos dos trabalhadores em luta pela terra no campo e na cidade. Por outro lado, ao aprovar o relatório paralelo, essa mesma maioria escolheu o caminho da absolutização do direito de propriedade e da responsabilização das vítimas pela violência no campo. A aprovação de um relatório com tal carga de reacionarismo comprova que a bancada ruralista continua sendo um dos grupos de interesses com maior força no Congresso Nacional.

O relatório aprovado é, ele sim, hediondo. O documento criminaliza os movimentos sociais de luta pela terra e premia o latifúndio improdutivo. Representa uma ode à violência. Em vez de contribuir com a solução da problemática agrária, é mais um obstáculo no caminho da implementação da reforma agrária e da justiça social no campo brasileiro.

Marcos Rogério de Souza é mestrando em Direito pela UNESP ? Campus de Franca e Assessor da Relatoria da CPMI da Terra do Congresso Nacional.

11 dezembro 2005

Alta Montanha

link: altamontanha.com
A foto acima foi capturada no site altamontanha.com . Foi tirada no cume do Aconcágua. É, realmente, inspiradora... O site conta histórias de montanhistas, roteiros, e acompanha várias aventuras.

10 dezembro 2005

Pergunta honesta

Tem alguém aí que se interessa por esse blog ou esse site foi acessado por acaso? Já faz longo tempo que ninguém comenta nada, e há um grande índice que indica se um weblog é bom: os comentários...

já diz o ditado: 'seu comentário é o nosso salário'...

Do século 15 ao século 21: os "lupions do Paraná" e a questão da terra, no Brasil

Recebi o texto abaixo por divulgação de email. Adiante, buscarei escrever também um post sobre Moisés Lupion. Assina o artigo Caia Fittipaldi.


"Em tese recente, muito apropriadamente intitulada "Sobreviventes do Extermínio", a antropóloga Carmen Lucia da Silva descreve a lancinante história de como os índios Xetá foram varridos do noroeste do Paraná no início dos anos 60 do século 20, e dizimados.

Pela memória privilegiada de oito dos doze índios Xetá sobreviventes conhecidos, instigados pela pesquisadora, esse caso de extinção de uma sociedade indígena, no Brasil vai-se traduzindo no avanço implacável de tratores, moto-serras, pastos, fazendas, colonização em massa, na fome, na aflição com os raptos de suas crianças, com as mortes por envenenamento, por incineração propositada de comunidades inteiras, por doenças infecciosas, com as corridas quase diárias atrás de novos esconderijos na mata, numa réplica indígena do desespero dos judeus caçados pela Gestapo que faziam a vida à noite, na tentativa de se tornarem invisíveis ? enfim, numa agonia que se arrastou por dez longos anos.

A 'proteção' do Estado no caso dos Xetá resumiu-se a umas poucas e tímidas tentativas, logo abandonadas, de localizar os Xetá em sua fuga alucinada pela floresta. O Serviço de Proteção aos Índios não quis ou não pode ir contra os desígnios do então homem forte do Paraná, o governador Moysés Lupion. Quando por fim o Estado não podia mais negar a existência dos Xetá, ensaiou morosamente uma tentativa de reserva protetora (por ironia, a região de Sete Quedas, também já extinta). Antes que os acertos burocráticos fossem feitos, a sociedade Xetá já não existia mais." [1]

Tudo isso, se poderia pensar, aconteceu no século passado; que, de lá até hoje ? são mais de 50 anos! ?, a coisa mudou, o Brasil democratizou-se ou, no mínimo, civilizou-se. Ledo engano.
Para tudo quanto tenha a ver, no mínimo, com a posse da terra, no Brasil, esse passado macabro está mais vivo e ativo do que se pensa. Basta, por exemplo, ler o Jornal do Brasil, da semana passada, 29/11/2005, e ver que uma tal de "CPI da Terra" aprovou por 12 votos a 1 um 'relatório' final pelo qual transforma em crime hediondo o saque ou invasão de propriedade rural; pede que a ocupação de terra improdutiva seja enquadrada como ato terrorista; e pede o indiciamento de oito pessoas, dentre as quais os cinco coordenadores nacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stélide, João Paulo Rodrigues, José Rainha, Jaime Amorim e Gilmar Mauro (texto em http://jbonline.terra.com.br/extra/2005/11/29/e29113568a.html ).

Assim como o extermínio da sociedade Xetá, nos anos 60, foi assinado por um Governador Lupion (Moysés, 1947-1951), assim, ainda, na primeira década do século 21, a tentativa de exterminar o MST está, ainda, assinada por um Deputado Lupion (Abelardo, PFL-PR), neto, talvez filho, do exterminador da sociedade brasileira autóctone dos Xetá -- pra ficarmos só nesse crime, já completamente documentado e provado.

Não se trata, portanto, de "ódio", como dizem alguns, embora algum ódio racial esteja também envolvido aí, perverso e doentio, como o manifestou o Senador Bornhausen (PFL-SC).

A questão da terra, no Brasil, é uma longa história, com longuíssima 'folha corrida' de crimes e mais crimes. Hoje, essa 'folha corrida' se manifesta em planos, projetos e leis, só muito superficialmente postos, no século 21, como se fossem 'questão parlamentar'. A questão da terra, no Brasil, não é questão parlamentar e não está posta em termos parlamentares.

A questão da terra, no Brasil, ainda não é sequer questão republicana: ainda é monárquica e imperial, e plenamente 'colonial', quer dizer, ainda é encaminhada como "assunto de família" -- e de algumas poucas famílias grandes proprietárias de terras, que continuam representadas no Parlamento Brasileiro. Não se trata de "ódio" e inconsistência, portanto. Os ruralistas têm projeto e trabalham com método, organizadamente, programaticamente.

Os ruralistas tem projeto político super consistente e longamente amadurecido. Por isso os ruralistas são tão eficientes. Nós não temos, ainda, um projeto que se oponha ao projeto dos ruralistas. E por isso a resistência que nós apresentamos fracassou tão completamente, na discussão na CPI da Terra. A luta pela terra, no Brasil, é uma luta política que todos temos de re-aprender a equacionar adequadamente, para encaminhá-la adequadamente e, afinal, começar a vencê-la.

É a minha opinião.

[assina] Caia Fittipaldi (dos Lingüistas Brasileiros para a Democracia/ Universidade Nômade / Campanha "Nenhum Brasileiro sem Resposta-na-ponta-da-língua, pra Responder à Folha de S.Paulo / Tricoteiras Unidas / Mães do Planalto / Gaviões da Fiel / PCdoB, Distrital Pinheiros-Butantã)
[1] "Uma crítica da desrazão indigenista". Alcida Rita Ramos. "Mesa Redonda Movimentos Indígenas, estruturas estatais e e organismos transnacionais", organizada por João Pacheco de Oliveira Filho, XXII Encontro Anual da ANPOCS, Caxambu, 27-31 de outubro de 1998. Na Internet, em http://www.unb.br/ics/dan/Serie243empdf.pdf

Gilles Deleuze: Qu?est-ce que l?acte de création?

Junto à conferência "Qu?est-ce que l?acte de création?", publicada no webdeleuze, pode-se também agora assistir o vídeo, baixando pelo emule:

Deleuze-Création artistique.avi

Mobilis in Mobili

link: gpc.edu


Mobilis in Mobili é um site de Mark Nunes que apresenta uma série de links e textos para figuras como Deleuze, Guattari e Baudrillard, enfocando questões relativas ao "cyberespaço".

03 dezembro 2005

Coisas sobre Zé Dirceu, PT, mídia e política

Algumas coisas vinculadas na mídia maior confundem bastante a nós, brasileiros, e pouco letrados em política:

- Zé Dirceu é famoso por ter sido um dos principais agentes da dita "flexibilização" do PT: o PT teria deixado de lado seu discurso radical, e passaria a "dialogar" mais com os outros partidos;

- Ao mesmo tempo, a "abertura ao diálogo" (que gerou um curioso conchavo) teria sido feita por um Zé Dirceu "mão de ferro", arrogante e pouco aberto a conversas;

- O mesmo PT que, para muitos - diz a mídia dominante - segue no governo a mesma política econômica do governo FHC, é o PT de Zé Dirceu, desenvolvimentista e, portanto, contrário à política econômica liberalista sem escrúpulos que vinha sido empregada nos 8 anos antes de Lula;

- O desenvolvimentista Zé Dirceu que critica a política econômica e era "fechado" ao diálogo, seria ao mesmo tempo o Zé Dirceu que ajudou a propiciar a "abertura" ao diálogo e uma política econômica para muitos não desenvolvimentista. Concluindo, Zé Dirceu - segundo a mídia, é o que parece - é ao mesmo tempo neoliberal e desenvolvimentista, aberto a diálogo, e ao mesmo tempo fechado, flexibilizador do PT, e ao mesmo tempo mão-de-ferro... ???

Felix Guattari: Remaking Social Practices


The routines of daily life, and the banality of the world represented to us by the media, surround us with a reassuring atmosphere in which nothing is any longer of real consequence. We cover our eyes; we forbid ourselves to think about the turbulent passage of our times, which swiftly thrusts far behind us our familiar past, which effaces ways of being and living that are still fresh in our minds, and which slaps our future onto an opaque horizon, heavy with thick clouds and miasmas. We depend all the more on the reassurance that nothing is assured. The two ?superpowers? of yesterday, for so long buttressed against each other, have been destabilized by the disintegration of one among them. The countries of the former USSR and Eastern Europe have been drawn into a drama with no apparent outcome. The Unitited States, for its part, has not been spared the violent upheavals of civilization, as we saw in Los Angeles. Third World countries have not been able to shake off paralysis; Africa, in particular, finds itself at an atrocious impasse. Ecological disasters, famine, unemployment, the escalation of racism and xenophobia, hunt, like so many threats, the end of this millennium. At the same time, science and technology have evolved with extreme rapidity, supplying man with virtually all the necessary means to solve his material problems. But humanity has not seized upon these; it remains stupefied, powerless before the challenges that confront it. It passively contributes to the pollution of water and the air, to the destruction of forests, to the disturbance of climates, to the disappearance of a multitude of living species, to the impoverishment of the genetic capital of the biosphere, to the destruction of natural landscapes, to the suffocation of its cities, and to the progressive abandonment of cultural values and moral references in the areas of human solidarity and fraternity ... Humanity seems to have lost its head, or more precisely, its head is no longer functioning with its body. How can it find a compass by which to reorient itself within a modernity whose complexity overwhelms it?
To think through this complexity, to renounce, in particular, the reductive approach of scientism when a questioning of its prejudices and short-term interests is required: such is the necessary perspective for entry into an era that I have qualified as ?post-media?, as all great contemporary upheavals, positive or negative, are currently judged on the basis of information filtered trough the massmedia industry, which retains only a description of events [le petit cote evenementiel] and never problematizes what is at stake, in its full amplitude.
It is true that it is difficult to bring individuals out of themselves, to disengage themselves from their immediate preoccupations, in order to reflect on the present and the future of the world. They lack collective incitements to do so. Most older methods of communication, reflection and dialogue have dissolved in favor of an individualism and a solitude that are often synonymous with anxiety and neurosis. It is for this reason, that I advocate - under the aegis of a new conjunction of environmental ecology, social ecology and mental ecology - the invention of new collective assemblages of enunciation concerning the couple, the family, the school, the neighborhood, etc.
The functioning of current *mass media*, and television in particular, runs counter to such a perspective. The tele-spectator remains passive in front of a screen, prisoner of quasi-hypnotic relation, cut off from the other, stripped of any awareness of responsibility.
Nevertheless, this situation is not made to last indefinitely. Technological evolution will introduce new possibilities for interaction between the medium and its user, and between users themselves. The junction of the audiovisual screen, the telematic screen and the computer screen could lead to a real reactivation of a collective sensibility and intelligence. The current equation (media=passivity) will perhaps disappear more quickly than one would think. Obviously, we cannot expect a miracle from these technologies: it will all depend, ultimately, on the capacity of groups of people to take hold of them, and apply them to appropriate ends.
The constitution of large economic markets and homogeneous political spaces, as Europe and the West are tending to become, will likewise have an impact on our vision of the world. But these factors tend in opposite directions, such that their outcome will depend on the evolution of the power relations between social groups, which, we must recognize, remain undefined. As industrial and economic antagonism between the United States, Japan, and Europe is accentuated, the decrease in production costs, the development of productivity and the conquering of ?market shares? will become increasingly high stakes, increasing structural unemployment and leading to an always more pronounced social ?dualization? within capitalist citadels. This is not to mention their break with the Third World, which will take a more and more conflictual and dramatic turn, as a result of population growth.
On the other hand, the reinforcement of these large axes of power will undoubtedly contribute to the institution of a regulation - if not of a ?planetary order? - then of a geopolitical and ecological nature. By favoring large concentrations of resources on research objectives or on ecological and humanitarian programs, the presence of these axes could play a determing role in the future of humanity. But it would be, at the same time, immoral and unrealistic to accept that the current, quasi-Manichaen duality between rich and poor, weak and strong, would increase indefinitely. It was unfortunately from this perspective that, undoubtedly in spite of themselves, the signatories to the so-called Heidelberg Appeal presented at the Rio conference were committed to the suggestion that the fundamental choices of humanity in the area of ecology be left to the initiatives of scientific elites (see, in *Le Monde Diplomatique*, the editorial by Ignacio Ramonet, July of 1992, and the article by Jean-Marc Levy-Leblond, August 1992). This proceeds from an unbelievable scientistic myopia. How, in effect, can one not see that an essential part of the ecological stakes of the planet arises from this break in collective subjectivity between the rich and poor? The scientists are to find their place within a new international democracy that they themselves must promote. And this is not to foster the myth of their omnipotence that advances them along this path!
How could we reconnect the head to the body, how could we join science and technology with human values? How could we agree upon common projects while respecting the singularity of individual positions? By what means, in the current climate of passivity, could we unleash a mass awakening, a new renaissance? Will fear of catastrophe be sufficient provocation? Ecological accidents, such as Chernobyl, have certainly led to a rousing of opinion. But it is not just a matter of brandishing threats; it is necessary to move toward practical achievements. It is also necessary to recall that danger can itself exert a power of fascination. The presentiment of catastrophe can release an unconscious desire for catastrophe a longing for nothingness, a drive to abolish. It was thus that the German masses in the Nazi epoch lived in the grip of a fantasy of the end of the world associated with a mythic redemption of humanity. Emphasis must be placed, above all, on the reconstruction of a collective dialogue capable of producing innovative practices. Without a change in mentalities, without entry into a post-media era, there can be no enduring hold over the environment. Yet, without modifications to the social and material environment, there can be no change in mentalities. Here, we are in the presence of a circle that leads me to postulate the necessity of founding an ?ecosophy? that would link environmental ecology to social ecology and to mental ecology.
From this ecosophic perspective, there would be no question of reconstituting a hegemonic ideology, as were the major religions or Marxism. It is absurd, for example, for the International Monetary Fund (IMF) and the World Bank to advocate the generalization of a unique model of growth in the Third World. Africa, Latin America, and Asia must be able to embark on specific social and cultural paths of development.
The world market does not have to lead the production of each group of people in the name of a notion of universal growth. Capitalist growth remains purely quantitative, while a complex development would essentially concern the qualitative. It is neither the preeminence of the State (in the manner of bureaucratic socialism), nor that of the world market (under the aegis of neo- liberal ideologies), that must dictate the future of human activities and their essential objectives. It is thus necessary to establish a planetary dialogue and to promote a new ethic of difference that substitutes for current capitalist powers a politics based on the desires of peoples. But wouldn?t such an approach lead to a chaos, as the current crisis demonstrates. On the whole, democratic chaos is better than the Chao is that results from authoritarianism!
The individual and the group cannot avoid a certain existential plunge into chaos. This is already what we do each night when we abandon ourselves to the world of dreams. The main question is to know what we gain from this plunge: a sense of disaster, or the revelation of new outlines of the possible? Who is controlling the capitalist chaos today? The stock market, multinationals, and, to a lesser extent, the powers of the state! For the most part, decerebrated organizations! The existence of a world market is certainly indispensable for the structuring of international economic relations. But we cannot expect this market to miraculously regulate human exchange on this planet. The real estate market contributes to the disorder of our cities. The art market perverts aesthetic creation. It is thus of primordial importance that, alongside the capitalist market, there appear territorialized markets that rely on the support of substantial formations, that affirm their modes of valorization. Out of the capitalist chaos must come what I call ?attractors? of values: values that are diverse, heterogeneous, dissensual [dissensuelle].
Marxists based historical movement on a necessary dialectical progression of the class struggle. Liberal economists blindly placed their trust in the free play of the market to resolve tensions and disparities, and to bring about the best of worlds. And yet events confirm, if that were necessary, that progress is neither mechanically nor dialectically related to the class struggle, to the development of science and technology, to economic growth, or to the free play of the market ..... Growth is not synonymous with progress, as the barbaric resurgence of social and urban confrontations, inter-ethnic conflicts and world- wide economic tensions cruelly reveals.
Social and moral progress is inseparable from the collective and individual practices that advance it. Nazism and fascism were not transitory maladies, the accidents of history, thereafter overcome. They constitute potentialities that are always present; they continue to inhabit our universe of virtuality; the Stalinism of the Gulag, Maoist despotism, can reappear tomorrow in new contexts. In various forms, a microfascism proliferates in our societies, manifested in racism, xenophobia, the rise of religious fundamentalisms, militarism, and the oppression of women. History does not guarantee the irreversible crossing of ?progressive thresholds?. Only human practices, a collective voluntarism, can guard us against falling into worse barbarities. In this respect, it would be altogether illusory to leave it up to formal imperatives for the defense of the ?rights of man? or ?rights of peoples?. Rights are not guaranteed by a divine authority; they depend on the vitality of the institutions and power formations that sustain their existence.
An essential condition for succeeding in the promotion of a new planetary consciousness would thus reside i n our collective capacity for the recreation of value systems that would escape the moral, psychological and social lamination of capitalist valorization, which is only centered on economic profit. The joy of living, solidarity, and compassion with regard to others, are sentiments that are about to disappear and that must be protected, enlivened, and propelled in new directions. Ethical and aesthetic values do not arise from imperatives and transcendent codes. They call for an existential participation based on an immanence that must be endlessly reconquered. How do we create or expand upon such a universe of values? Certainly by not dispensing with moral lessons.
The suggestive power of the theory of information has contributed to masking the importance of the enunciative dimensions of communication. It leads us to forget that a message must be received, and not just transmitted, in order to have meaning. Information cannot be reduced to its objective manifestations; it is, essentially, the production of subjectivity, the becoming- consistent [prise de consistence] of incorporeal universes. These last aspects cannot be reduced to an analysis in terms of improbalibility and calculated on the basis of binary choices. The truth of information refers to an existential event occurring in those who receive it. Its register is not that of the exactitude of facts, but that of the significance of a problem, of the consistency of a universe of values. The current crisis of the media and the opening up of a post- media era are the symptoms of a much more profound crisis.
What I want to emphasize is the fundamentally pluralist, multi-centered. and heterogeneous character of contemporary subjectivity, in spite of the homogenization it is subjected to by the mass media. In this respect, an individual is already a ?collective? of heterogeneous components. A subjective phenomenon refers to personal territories - the body, the self - but also, at the same time, to collective territories - the family, the community, the ethnic group. And to what must be added all the procedures for subjectivation embodied in speech, writing, computing, and technological machines.
In pre-capitalist societies, initiation into the things of life and the mysteries of the world were transmitted through relations of family, peer-group, of clan, guild, ritual, etc. This type of direct exchange between individuals has tended to become rare. Subjectivity is forged through multiple mediations, whereas individuals has tended to become rare. Subjectivity is forged through multiple mediations, whereas individual relations between generations, sexes, and proximal groups have weakened. For example, the role of grandparents as an intergenerational memory support for children has very often disappeared. The child develops in a context shadowed by television, computer games, telecommunications, comic strips. ... A new machinic solitude is being born, which is certainly not without merit, but which deserves to be continually reworked such that it can accord with renewed forms of sociality. Rather that relations of opposition, it is a matter of forging polyphonic interlacings between the individual and the social. Thus, a subjective music remains to be thereby composed.
The new planetary consciousness will have to rethink machinism. We frequently continue to oppose the machine to the human spirit. Certain philosophies hold that modern technology has blocked access to our ontological foundations, to primordial being. And what if, on the contrary, a revival of spirit and human values could be attendant upon a new alliance with machines?
Biologists now associate life with new approach to machinism concerning the cell, and the organs of the living body; linguists, mathematicians, and sociologists explore other modalities of machinism. In thus enlarging the concept of the machine, we are led to emphasize certain of its aspects that have been insufficiently explored to date. Machines are not totalities enclosed upon themselves. They maintain determined relations with a spatio-temporal exteriority, as well as with universes of signs and field of virtuality. The relation between the inside and the outside of a machinic system is not only the result of a consummation of energy, of the production of an object: it is equally manifested through genetic phylums. (2) A machine rises to the surface of the present like the completion of a past lineage, and it is the point of restarting_$B%__(B2C or of rupture, from which an evolutionary lineage will spread to the future. The emergence of these genealogies and fields of alterity is complex. It is continually worked over by all the creative forces of the sciences, the arts, social innovations, which become entangled and constitute a mecanosphere surrounding our biosphere - not as a constraining yoke of an exterior armor, but as an abstract, machinic efflorescence, exploring the future of humanity.
Human life is taken up, for example, in a race with the AIDS retrovirus. Biological sciences and medical technology will win the battle with this illness or, in the end, the human species will be eliminated. Similarly, intelligence and sensibility have undergone a total mutation as a result of new computer technology, which has increasingly insinuated itself into the motivating forces of sensibility, acts, and intelligence. We are currently witnessing a mutation of subjectivity that perhaps surpasses the invention of writing, or the printing press, in importance.
Humanity must undertake a marriage of reason and sentiment with the multiple off-shoots of machinism, or else it risks sinking into chaos. A renewal of democracy could have, as an objective, a pluralist management of its machinic components. In this way, the judiciary and the legislature will be brought to forge new ties with the world of technology and of research (this is already the case with commissions on ethics investigating problems in biology and contemporary medicine; but we must also rapidly create commissions for the ethics of the media, of urbanism, of education). It is necessary, in sum, to delineate again the real existential entities of our epoch, which no longer correspond to those of still only a few decades ago. The individual, the social, and the machinic all overlap - as do the juridical, the ethical, the aesthetic, and the political. A major shift in objectives is in progress: values such as the resingularization of existence, ecological responsibility, and machinic creativity are called upon to install themselves as the center of a new progressive polarity in place of the old left-right dichotomy.
The production machines at the basis of the world economy are aligned uniquely with so called leading industries. They do not take account of other sectors which fall by the wayside because they do not generate capitalist profits. Machinic democracy will have to undertake a re-balancing of current systems of valorization. To produce a city that is clean, livable, lively, rich in social interactions; to develop a humane and effective medicine_$B%__(B2C and an enriching education, are objectives that are equally worthwhile as a production-line of automobiles, or high-performance electronic equipment.
Current machines - technological, scientific, social - are potentially capable of feeding, clothing, transporting and educating all humans: the means are there, within reach, to support life for ten billion inhabitants on this planet. It is the motivating systems for producing the goods and distributing them fairly that are inadequate. To be engaged in developing material and moral well- being, in social and mental ecology, should be every bit as valued as working in leading sectors or in financial speculation.
It is the nature of work that has changed, as a result of the eve increasing prevalence of immaterial aspects in its composition: knowledge, desire, aesthetic taste, ecological preoccupations. The physical and mental activity of man finds itself in increasing adjacence to technical, computer and communication devices. In this, the old Fordist or Taylorist conceptions of the organization of industrial sites and of ergonomics have been superseded. In the future, it will be more and more necessary to appeal to individual and collective initiative, at all stages of production and distribution (and even of consumption). The constitution of a new landscape of collective assemblages of work - particularly robotics - will call into question old hierarchical structures and, as a consequence, call for a revision of current salarial norms.
Consider the agricultural crisis in developed countries. It is legitimate that agricultural markets open themselves up to the Third World, where climatic conditions and productivity are often much more favorable for production than countries situated more to the north. But does this mean that American, European and Japanese farmers must abandon the countryside and migrate to the cities? On the contrary, it is necessary to redefine agriculture and animal farming in these countries, in order to adequately valorize their ecological aspects and to preserve the environment. Forests, mountains, rivers, coast-lines - all constitute a non-capitalist capital, a qualitative investment, that should be made to yield a return, and must be continually re-valorized, which implies, in particular, a radical rethinking of the position of the farmer and the fisherman.
The same goes for domestic labor: it will be necessary for the women and men who are responsible for the raising of children - a task which continues to become more complex - to be appropriately remunerated. In a general way, a number of ?private? activities would thereby be called upon to take their place in a new system of economic valorization that would take into account the diversity and heterogeneity of human activities that are socially, aesthetically, or ethically useful.
To permit an enlargement of the wage-earning class to include the multitude of social activities that deserve to be valorized, economists will perhaps have to imagine a renewal of current monetary systems and wage systems. The coexistence, for example, of strong currencies, open to the high seas of global economic competition, with protected currencies that are unconvertible and territorialized over a given social space, would allow for the alleviation of extreme misery, by distributing the goods that arise exclusively from an internal market and allowing a wide range of social activities to proliferate - activities which would thereby lose their apparently marginal character.
Such a revision of the division and valorization of labor does not necessarily imply an indefinite diminution of the work-week, or an advancing of the retirement age. Certainly, machinism tends to liberate more and more ?freetime?. But free for what? To devote oneself to prefabricate leisure activities? To stay glued to the television? How many retirees would sink, after some months of their new situation, into despair and depression, from their inactivity? Paradoxically, an ecosophic redefinition of labor could go together with an increase in the duration of wage-earning. This would imply a skillful separation of working time allotted for the economic market and such time relating to an economy of social and mental values. One could imagine, for example, modulated retirements that would allow the workers, employees and managers who desire it to not be cut off from the activities of their companies, especially those with social and cultural implications. Is it not absurd that they are abruptly rejected at precisely the moment when they have the best knowledge of their field, and when they could be of most service in the areas of training and research? The perspective of such a social and cultural recomposition of labor would lead naturally to the promotion of a new transversality between productive assemblages and the rest of the community.
Certain union experiments are already moving in this direction. In Chile, for example, there exist new union practices that are joined organically with their social environment. The militants of ?territorial unionization? are not only preoccupied with the defense of unionized workers, but also with the difficulties encountered by the unemployed, by women, and by the children of the neighborhood where the company is located. They participate in the organization of educational and cultural programs, and involve themselves in the problems of health, hygiene, ecology, and urbanism. (Such an enlargement of the field of worker competence and action is far from favorably regarded by the hierarchical forces of the union apparatus.) In this country, groups for the ?ecology of retirement? devote themselves to the cultural and relational organization of the elderly.
It is difficult, and yet essential, to turn the page on old reference systems based on an oppositional split of left-right, socialist-capitalist, market economy- state planned economy. ... It is not a question of creating a ?centrist? pole of reference, equidistant from the other two, but of disengaging from this type of system that is founded on a total adhesion, on a supposedly scientific foundation, or on transcendent juridical and ethical givens. Public opinion, before the political classes, has become allergic to programmatic speeches, to dogmas that are intolerant of diverse points of view. But while the public debate and the means of discussion have not acquired renewed forms of expression, there is a great risk that they will turn more and more away from the exercise of democracy, and toward either the passivity of abstention, or to the activism of reactionary factions. This means that in a political campaign, it is less a case of conquering massive public support for an idea, than of seeing public opinion structure itself into multiple and vital social segments. The reality is no longer one and indivisible. It is multiple, and marked by lines of possibility that human praxis can catch in flight. Alongside energy, information and new materials, the will to choose and to assume risk place themselves at the heart of new machinic undertakings, whether they be technological, social, theoretical or aesthetic.
The ?ecosophic cartographies? that must be instituted will have, as their own particularity, that they will not only assume the dimensions of the present, but also those of the future. They will be as preoccupied by what human life on Earth will be in thirty years, as by what public transit will be in three years. They imply an assumption of responsibility for future generations, what philosopher Hans Jonas calls ?an ethic of responsibility?. (3) It is inevitable that choices for the long term will conflict with the choices of short-term interests. The social groups affected by such problems must be brought to reflect on them, to modify_$B%__(B0Atheir habits and mental coordinates, to adopt new values and to postulate a human meaning for future technological transformations. In a word, to negotiate the present in the name of the future.
It is not, for all that, a question of falling back into totalitarian and authoritarian visions of history, messianisms which, in the name of ?paradise? or of ecological equilibrium, would claim to rule over the life of each and everyone. Each ?cartography? represents a particular vision of the world which, even when adopted by a large number of individuals, would always harbor an element of uncertainty at its heart. That is, in truth, its most precious capital; on its basis, an authentic hearing of the other could be established. A hearing of disparity, singularity, marginality, even of madness, does not arise only from the imperatives of tolerance and fraternity. It constitutes an_$B%__(B0D essential preparation, a permanent appeal to this order of uncertainty, a stripping of forces of chaos that always haunt structures that are dominant, self-sufficient, and that believe in their own superiority. Such a hearing could overturn or restore direction to these structures, by recharging them with potentiality, by deploying, through them, new lines of creative flow.
In the midst of this state of affairs, a shaft of meaning must be discovered, that cuts through my impatience for the other to adopt my point of view, and through the lack of good will in the attempt to bend the other to my desired. Not only must I accept this adversity, I must love it for its own sake: I must seek it out, communicate with it, delve into it, increase it. It will get me out of my narcissism, my bureaucratic blindness, and will restore for me a sense of finitude that all the infantilizing subjectivity of the mass media attempts to conceal. Ecosophic democracy would not give itself up to the facility for consensual agreement: it will invest itself in a dissensual metamodelization. With it, responsibility emerges from the self in order to pass to the other.
Without the promotion of such a subjectivity of difference, of the atypical, of utopia, our epoch could topple into atrocious conflicts of identity, like those the people of the former Yugoslavia are suffering. It would be vain to appeal to morality and respect for rights. Subjectivity disappears into the empty stakes of profit and power. Refusing the status of the current media, combined with a search for new social inter activities, for an institutional creativity and an enrichment of values, would already constitute an important step on the way to a remaking of social practices. Notes This article appeared under the title ?Pour une refondation des pratiques sociales? in Le Monde Diplomatique (Oct. 1992): 26-7 (1) A few weeks before his sudden death on August 29, 1992, Felix
Guattari sent us [*Le Monde Diplomatique*] the following text. Witch the
additional weight conferred upon it by its author?s tragic disappearance,
this ambitious and all-encompassing series of reflection takes on, in
some sense, the character of a philosophical will or testament. (2) The editors of *Le Monde Dip.* insert a note here on the definition of
a phylum: it is the primitive stock from which a genealogical series
issues. (3) Hans Jonas, *Le Principe responsabilite. Une ethique pour la
civilization technologique, trad. de l?allemand par Jean Greisch
(Paris: Edition du Cerf, 1990). The Imperative of Responsibility: In
Search of an Ethics for the Technological Age, trans. by H. Jonas and
D. Herr (Chicago: University of Chicago Press, 1984) Translated by Sophie Thomas

01 dezembro 2005

Hakim Bey: Sedução dos Zumbis Cibernéticos

link: descartavel.com


(Para Konrad e Marie)

Para começar, ajudaria se pudéssemos falar sobre redes no lugar de A Rede (net). Apenas os mais extrópicos crentes nA Net ainda sonham com ela como solução final. Pensadores mais realistas rejeitaram a cyber-soteriologia, mas aceitam a Rede como ferramenta (ou arma) viável. Eles concordariam que outras redes devem ser configuradas e mantidas simultaneamente com "a" Rede - de outra maneira, ela se torna apenas outro meio de alienação, mais envolvente que a TV, talvez, mas de qualquer maneira mais total em sua hipnose.

As outras redes obviamente incluem - primeira e principalmente - padrões de convívio e comunicatividade. Empresto este termo da frenologia do século XIX - aparentemente existe um calombo de comunicatividade em algum lugar no crânio - mas eu o uso para significar algo como o "diálogo" de Bakhtin transposto para o registro do social; onde o convívio implica presença física, a comunicatividade pode também incluir outras mídias. Mas - como o hermetismo nos ensina - o ato positivo do significado comunicativo, seja cara-a-cara (mesmo que sem fala), ou mediado simbolicamente (por texto, imagem, etc.), é sempre confrontado por sua negatividade. Nem toda a "comunicação" comunica, mapa não é território, e assim vai. "Programas interativos" não têm o menor sentido entre seres vivos, mas, de fato, nenhum meio é privilegiado ou completamente aberto. Como Blake poderia dizer, cada meio tem a sua forma e o seu espectro.

O que precisamos, então, é uma "análise espectral" Blakeana da Net. Uma "análise Fourierista" também poderia ser útil (não Fourier o matemático, mas Fourier o Socialista Utópico). Mas estes filósofos eram verdadeiros hermeticistas, enquanto nós podemos apenas colar alguns cacos sobre o que quer que seja.

A questão implícita: - a Net vai além do propósito de comunicatividade, e pode ser usada como ferramenta para "maximizar o potencial para emergir" de situações de convívio? Ou existe um "efeito contraproducente paradoxal" (como Ilich diria)? Em outras palavras: a sociologia das instituições (e.g. educação, medicina) chega à rigidez monopolística e começa a produzir o oposto do efeito pretendido (a educação estupidifica, a medicina faz adoecer). A mídia também pode ser analisada desta maneira. A mídia de massa, considerada como entidade paradoxal, se aproximou de um limite de enclausuramento total pela imagem - uma crise da êxtase da imagem - e de completo desaparecimento da comunicatividade. O que se considerava que tornava a Net tão singular eram os seus padrões "de-muitos-para-muitos", tendo como implicação a possibilidade de uma democracia popular eletrônica. A Net é uma instituição, pelo menos no sentido lato da palavra. Ela serve ao seu propósito "original", ou há um efeito contraproducente paradoxal?

Outro padrão original dentro da Net é a sua descentralidade (sua herança "militar"); isto lançou a Net numa espécie de guerra com os governos. A Net "cruza fronteiras" como um vírus. Mas nisto a Net partilha certas qualidades com, digamos, as corporações transnacionais ("zaibatsus") - e com o próprio Capital nômade. O "nomadismo" tem sua própria forma e espectro. Como a Nação Islâmica dos Cinco Porcento coloca, "nem todo irmão é um irmão". A molecularidade é uma tática que pode ser usada contra e a favor da nossa autonomia. Estar informado compensa. E podemos ter certeza que a Inteligência Global paga bem por sua informação; - certamente a Net já está completamente penetrada pela vigilância... cada bit de um email é um cartão postal para Deus.

Os nossos exemplos favoritos do uso imaginativo e insurreicionário da Net - o Caso McCalúnia, o Caso da Cientologia, e acima de tudo os Zapatistas - provam que a estrutura descentralizada de muitos-para-muitos tem potencial de verdade [o McDonalds ganhou a batalha mas parece estar perdendo a guerra - as franquias caíram em 50%!]. Ludditas que negam isto simplesmente estão se fazendo parecer desinformados - e muito mal dispostos na direção das boas causas. Os Ludditas originais não eram quebradores de máquina indiscriminados - eles tencionavam defender seus teares manuais e o trabalho em casa contra a mecanização e centralização nas fábricas. Tudo depende da situação, e a tecnologia é apenas um fator numa situação complexa e superestimada. Exatamente o que é que precisa ser esmagado?

O Capital Global abraça abertamente a Net por que a Net parece ter a mesma estrutura do Capital Global. Ele anuncia a Net como O Futuro Agora, e protege os cidadãos virtuais desses governos velhos e maus. Afinal, a Net é mesmo o paradigma de um Mercado Livre, não? O sonho de um Libertário. Mas secretamente o Capital Global [perdoem pela falácia patética - puxa, eu não consigo parar de reificar o Capital...]... secretamente, o Capital Global deve estar doente de preocupação.

Bilhões de dólares de investimento foram tragados pela Net, mas a Net parece agir como um astro eclipsado: - há um efeito de penumbra, mas o planeta está negro. Talvez um buraco negro. Afinal, Hawking provou que mesmo buracos negros produzem uma quantidade mínima de energia - alguns milhões de pratas, talvez. Mas essencialmente não há dinheiro circulando na Net, nem dinheiro saindo dela. Parece que a Net pode agir metaforicamente como uma "feira livre" até certo ponto (possivelmente bem mais do que já age) - mas falhou em se desenvolver como um Grande Mercado. A WWW não parece estar ajudando muito neste ponto. A "Realidade Virtual" começa a se parecer com mais um futuro perdido. IntraNets, transmissão personalizada de dados e "televisão interativa" são as estratégias propostas pelos Zaibatsus para colonizar o que resta da Net. O e-cash não parece estar dando conta.

Enquanto isso, a Net toma o aspecto não apenas de uma feira livre sem corpo, mas também de uma favela psíquica. Avatares predatórios - desinformacionistas - dados sobre trabalho escravo nas prisões americanas - cyber-estupro (violação do corpo de dados) - vigilância invisível - ondas de pânico (Pedofilia, Nazistas-na-Net, etc) - invasões massivas de privacidade - propaganda - todo tipo de poluição psíquica. Sem mencionar a possibilidade de lavagem cerebral biônica, sídrome do túnel carpal, e a sinistra presença em cinza e verde das próprias máquinas, como nos cenários dos velhos filmes de ficção científica (o futuro como design pobre).

De fato, como Gibson previu, a Net já está virtualmente assombrada. Cemitérios na web para cyber-mascotes mortos - obituários falsos - Tim Leary ainda mandando mensagens pessoais - mestres ascensos do "Heaven's Gate" - sem mencionar a já vasta arqueologia da própria Net, os níveis da Arpa, velhas BBSs, linguagens esquecidas, páginas da web abandonadas. De fato, como alguém disse na última conferência da NETTIME em Liubliana, a Net já se tornou um tipo de ruína romântica. E aqui, no nível mais "espectral" da nossa análise, repentinamente a Net começa a parecer... interessante de novo. Uma pitada de horror gótico. A sedução dos Zumbis Cibernéticos. Fin-de-millenium, flores de estufa, láudano.

Enfim.

Vivemos num país em que 1% da população controla metade do dinheiro - num mundo onde menos que 400 pessoas controlam metade do dinheiro - onde 94.2% de todo o dinheiro se refere apenas a dinheiro, não a produção de qualquer tipo (exceto de dinheiro); - um país com a maior população carcerária per capita do mundo, onde "segurança" é a única indústria que cresce (fora a do entretenimento), onde uma insana guerra às drogas e ao meio-ambiente é concebida como a última função válida do governo; - um mundo de ecocídio, agrobusiness, desflorestamento, assassinato de populações indígenas, bioengenharia, trabalho forçado - um mundo construído na afirmação de que o lucro máximo para 500 empresas é o melhor plano para toda a humanidade - um mundo em que a imagem total absorveu e sufocou as vozes e mentes de cada falante - em que a imagem da troca tomou o lugar de todas as relações humanas.

Em vez de resmungar clichês liberais sobre tudo isto - ou levantar a perturbadora questão da "ética" - permita-me simplesmente comentar como um anarquista Stirneriano (um ponto de vista que ainda acho útil depois de todos estes anos): - presumindo que o mundo seja a minha ostra, eu estou em guerra pessoal contra todos os "fatos" acima, por que eles violam os meus desejos e impedem os meus prazeres. Portanto, procuro aliança como outros indivíduos (numa "união de independentes") que partilham de minhas metas. Para os Stirnerianos de esquerda, a tática favorita sempre foi a Greve Geral (o mito Soreliano). Em resposta ao Capital Global nós precisamos de uma nova versão deste mito que possa incluir estruturas sindicalistas mas não se limitar a elas. O velho inimigo dos anarquistas sempre foi o Estado. Ainda temos o Estado para nos preocupar (seguranças no Shopping universal), mas claramente os inimigos reais são os zaibatsus e bancos (o maior erro na história revolucionária foi a falha em dominar o Banco em Paris, 1871). Num futuro muito próximo haverá uma guerra contra a estrutura OMC/FMI/GATT do Capital Global - uma guerra de desespero claro, alimentada por um mundo de indivíduos e grupos orgânicos contra as corporações e "o poder do dinheiro" (i.e., o próprio dinheiro). De preferência uma guerra pacífica, como uma grande Greve Geral - mas realisticamente cada um deve se preparar para o pior. E o que precisamos saber é: o que a InterNet pode fazer por nós?

Obviamente uma boa revolta precisa de bons sistemas de comunicação. Neste momento no entanto eu preferiria transmitir meus segredos conspiratórios (se eu tivesse algum) pelos Correios em vez da Net. Uma conspiração realmente bem-sucedida não deixa rastro em papel, como a Revolução Líbia de 1969 (mas na época, os grampos telefônicos ainda eram bastante primitivos). Mais do que isto, como poderíamos ter certeza que o que vimos na Net era informação e não desinformação? Especialmente se nossa organização existe apenas na Net? Falando como Stirnerita, eu não quero banir assombrações da minha cabeça apenas para encontrá-las de novo na tela. Luta de rua virtual, ruínas virtuais. Não parece uma proposição vantajosa.

Mais perturbador para nós seria a qualidade "gnóstica" da Net, sua tendência à exclusão do corpo, sua promessa de transcendência tecnológica da carne. Mesmo que algumas pessoas tenham "se conhecido pela Net", o movimento geral é rumo à atomização - "caído sozinho em frente à tela". O "movimento" hoje presta muita atenção à mídia em geral por que o poder virtualmente nos iludiu - e dentro do speculum da Net o seu reflexo zomba de nós. A Net como substituto ao convívio e à comunicatividade. A Net como uma má religião. Parte do transe midiático. A comoditização da diferença.

À parte a crítica da Net do ponto de vista da Soberania Individual, nós poderíamos também lançar uma análise de uma posição Fourierista. Aqui no lugar de indivíduos nós consideraríamos a "série", o grupo básico Passional sem o qual cada ser humano permanece incompleto - e o Falanstério, ou Série completa de Séries (mínimo de 1620 membros). Mas a meta permanece a mesma: - o agrupamento ocorre para maximizar os prazeres ou o "luxo" para os membros do grupo, Paixão sendo a única força viável de coesão social (de fato, nesta base nós poderíamos considerar uma "síntese" de Stirner e Fourier, na aparência polarmente opostos). Para Fourier, a Paixão é por definição incorporada; todo o "networking" é mantido via presença física (apesar dele permitir pombos-correio para comunicação entre Falanstérios).

Como um místico dos números, Fourier bem que poderia gostar do computador - na verdade ele inventou o "namoro por computador", de certa maneira - mas ele provavelmente desaprovaria qualquer tecnologia que envolvesse a separação física (eu creio que foi Balzac quem disse que para Fourier o único pecado era almoçar sozinho). Convívio no sentido mais literal - idealmente, a orgia. "Atração Passional" funciona por que cada um tem Paixões diferentes: a diferença já é "luxo". O corpo de dados, o corpo na tela, é apenas metaforicamente um corpo. O espaço entre nós - o "medium" - deve ser preenchido com Raios Aromais, zodíacos de luz brilhante (novas cores!), profusões de frutas e flores, os aromas da cozinha gastrosófica - e finalmente o espaço deve ser fechado, curado.

Outra crítica da Net poderia ser feita de uma perspectiva Proudhoniana (Proudhon foi influenciado por Fourier, apesar de fingir que não foi. Ambos eram de Bezançon, como Victor Hugo). Proudhon era mais "progressivo" quanto a tecnologia do que nossos outros exemplos, e seria interessante ver que tipo de papel ele teria para a Net em seu futuro ideal de Mutualismo e anarco-federação. Para ele "governo" era meramente uma questão de administração da produção e troca. Os computadores poderiam se provar como ferramentas úteis sob estas condições. Mas proudhon assim como Marx sem dúvida modificariam sua visão otimista da tecnologia se fossem consultados hoje da sua opinião: - a máquina como poluição social, a própria tecnologia (e por implicação o Trabalho) como alienação. Este argumento foi obviamente feito por Marxistas libertários, anarquistas Verdes, etc. - descendentes legítimos de Marx e Proudhon, como Marcuse ou Ilich. Não seria justo considerar a InterNet (nem a bioengenharia) fora desta crítica da tecnologia. O trabalho de Benjamin, Debord e até Baudrillard (até qele ter caído exausto) torna claro que a imagem total - "a mídia" - tem um papel central nesta crítica. Proudhon questionaria a Net quanto a justiça, e quanto a presença.

Mas eu preferiria focar mais estritamente na questão da imagem. Aqui nós poderíamos retornar a Blake como nosso "martelo filosófico" (Nietzsche queria realmente dar a entender uma espécie de diapasão), uma vez que estamos falando do ídolo, da imagem. Eu argumentaria que estamos sofrendo uma crise de superprodução da imagem. Nós estamos, como Giordano Bruno colocou, "acorrentados", hipnotizados pela imagem. Em tal caso nós precisamos ou de uma dose saudável de iconoclastia, ou então (ou também) um tipo mais sutil de senso crítico hermético, uma liberação da imagem pela imagem. Na verdade, Blake nos supriu com ambos - ele era tanto um esmagador-de-ídolos quanto simultaneamente um hermetista que usava imagens para a libertação, tanto política quanto espiritual. Hermetistas entendem que o "hieróglifo", a imagem/texto ou comunicação mediada (simbólica), tem um efeito "mágico", ultrapassando a consciência racional linear e influenciando profundamente a psiquê. É por isso que Blake dizia que uma pessoa deve fazer seu próprio sistema ou então ser escravo do sistema de outros. A autonomia da imaginação é um alto valor para o hermetismo - e a crítica da imagem é a defesa da imaginação. A tela é um aspecto da imagem que não pode escapar desta "análise espectral" - a mídia como "moedores satânicos".

Parece que não há mesmo como fugir da tecnologia ou da alienação. A própria techné é prótese da consciência, e portanto inseparável da condição humana (linguagem inclusa aqui como techné). A Tecnologia como a fusão óbvia de techné e linguagem (a ratio ou "razão" da techné) tem sido simplesmente uma categoria da existência humana desde pelo menos o Paleolítico. Mas - podemos perguntar até que ponto o próprio coração foi substituído por um órgão artificial? Até que ponto uma determinada tecnologia "surta" e começa a produzir uma contraprodutividade paradoxal? Se pudéssemos alcançar um consenso nisto, ainda existiria motivo para falar de determinismo tecnológico, ou o maquinismo como destino? Neste sentido, os velhos Ludditas merecem alguma consideração. A techné deve servir ao ser humano, não definir o ser humano.

Precisamos (aparentemente) aceitar a inevitabilidade da consciência, mas apenas na condição de que não será a mesma consciência. Suspeitamos que a consciência racional, maquínica, linear, aufklaerung, universal governou em muito tempo numa tirania - ou "monopólio. Não há nada de errado com a razão (na verdade nós poderíamos usar bem mais dela) mas o racionalismo parece uma ideologia fora de moda. A razão deve dividir o espaço com outras formas de consciência: consciência psicotrópica, ou consciência xamânica (que não tem nada a ver com "religião" como é usualmente definida) - bioconsciência, o discernimento sistêmico do ideal hermético da terra viva - consciência étnica ou cultural, modos diferentes de ver - povos indígenas - ou os Celtas - ou o Islã - consciências de "identidade" de todos os tipos - e consciências de trans-identidade. Uma variedade de consciências parece ser o único campo possível para a nossa ética.

Então, e quanto a consciência da InterNet? Ela tem seus aspectos não-lineares, não tem? Se pode existir uma "racionalidade do maravilhoso", não há um lugar para a Net no banquete?

No fim nós devemos nos contentar com a ambiguidade. Uma resposta "pura" é impossível aqui - iria feder a ideologia. Sim e não.

Mas - "Entre o Sim e o Não, estrelas caem do céu e cabeças voam do pescoço", como o grande sufi Shayk Ibn Arabi disse ao filósofo Aristotélico Averöes.

Uma imagem adequada para uma ruína romântica...

Hakim Bey NYC 18 de agosto, 1997