14 setembro 2005

Agora querem o Severino?

É incrível a Câmara de Deputados brasileira ser presidida por um senhor que mal consegue articular palavras ou frases com coerência. Porém, mais inacreditável é pensar como ele foi parar lá.

A Veja publica nessa semana - e às vezes a Veja consegue expressar sem escrúpulos aquilo mesmo que ela visa, sem buscar apoiar-se na 'opinião pública' - que a oposição quer rapidamente afastar Severino Cavalcanti. Acusado de participar de um "mensalinho", e de ameaçar afrouxar as punições aos deputados supostamente envolvidos em outros esquemas, Severino deveria ser afastado - vejam só - por um movimento que parte da oposição.

Curiosa mudança de rumos, já que a mesma oposição que articula o afastamento de Severino é a que propiciou sua eleição. O mesmo pleito anti-petista que, no segundo turno da última votação garantiu os 300 votos que elegeram Cavalcanti (contra os 195 votos do vencedor do primeiro turno, Luis Eduardo Greenhalgh, do PT), é agora o que o acusa de apoiar o PT.

Em tempo: trajetória política resumida de Severino, segundo a Folha:
Severino foi prefeito de João Alfredo, sua cidade natal, de 1964-1966, pela UDN (União Democrática Nacional), partido que liderou a oposição a Getúlio Vargas quando o presidente ainda era vivo --morreu em agosto de 1954.

Hoje no PP, Cavalcanti passou por diversos partidos após sua estréia pela UDN. Em 1966, entrou para a Arena (Aliança Renovadora Nacional), o partido de sustentação da ditadura militar. Em 1980, foi para o PDS e, em 1987, para o PDC (Partido Democrata Cristão), onde permaneceu até 1990, quando entrou no PL (Partido Liberal).

Ficou pouco no PL, apenas até 1992, quando foi para o PPR. Em 1994, transferiu-se para o PFL e no ano seguinte, para o PPB, onde permaneceu até 2003, quando o partido mudou o nome para PP.

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